Engenheiro do Facebook afirma que plataforma "rebaixa automaticamente" publicações contra Kamala Harris
Um engenheiro da Meta admitiu que o Facebook tem "rebaixado automaticamente" publicações críticas a Kamala Harris, de acordo com uma gravação feita por câmera escondida.
O engenheiro sênior de software Jeevan Gyawali foi capturado em uma operação secreta discutindo como os algoritmos da Meta reduzem a visibilidade de publicações politicamente sensíveis sem informar os usuários.
Gyawali foi gravado enquanto estava em um encontro, explicando a uma mulher como as práticas de moderação de conteúdo da Meta afetam publicações que criticam a vice-presidente dos EUA.
Ele deu um exemplo, dizendo que se alguém publicar que Harris é "inapta para ser presidente porque não tem filhos", esse tipo de conteúdo é "automaticamente rebaixado".
Gyawali, de 32 anos, também afirmou que a Meta tem a capacidade de influenciar a eleição presidencial de 2024 e que o CEO Mark Zuckerberg planeja usar esse poder para apoiar candidatos democratas.
Embora fontes tenham confirmado ao jornal Daily Mail que de fato Gyawali aparece no vídeo, elas negaram que a Meta esteja rebaixando publicações anti-Kamala Harris.
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O vídeo
A operação foi conduzida pelo jornalista investigativo James O'Keefe e sua organização, O'Keefe Media Group, que compartilhou o vídeo online.
O encontro teria ocorrido após Gyawali ter se conectado com a mulher no aplicativo de namoro Bumble, embora o local exato permaneça desconhecido. Gyawali mora em Nova York.
No vídeo, Gyawali detalha como certas publicações são suprimidas: "Se seu tio em Ohio disser algo sobre Kamala Harris ser inapta para ser presidente porque ela não tem filhos, esse tipo de conteúdo é automaticamente rebaixado."
Quando questionado se grupos de direita organizando conteúdo anti-Harris seriam tratados da mesma forma, Gyawali respondeu: "Tudo isso será rebaixado, 100%."
Gyawali também admitiu que os usuários cujas publicações são rebaixadas não são notificados, o que significa que eles experimentam uma menor visibilidade sem saber o motivo.
A jornalista disfarçada perguntou sobre o shadowbanning, ao que Gyawali confirmou que a Meta pratica essa ação, explicando que, embora os usuários notem uma redução no engajamento, eles não recebem avisos formais sobre suas publicações sendo menos visíveis.
De acordo com a política oficial da Meta, quando o conteúdo é marcado como "Falso" por verificadores de fatos, a plataforma notifica os usuários de que suas publicações serão rebaixadas, mesmo que não sejam os autores originais.
Gyawali explicou os mecanismos internos da Meta, afirmando que a empresa possui uma "Equipe de Integridade" responsável por desenvolver "classificadores cívicos" — algoritmos treinados para detectar conteúdo cívico e reduzir sua visibilidade.
"Qualquer coisa relacionada a conteúdo político é automaticamente não exibida", explicou ao ser questionado sobre como funcionam esses classificadores.
Ele também mencionou uma "equipe SWAT" que a Meta estabeleceu em abril para abordar possíveis abusos da plataforma.
Andy Stone, diretor de comunicações da Meta, disse ao jornal Daily Mail que não tinha conhecimento de nenhuma "equipe SWAT" e sugeriu que a referência poderia estar relacionada ao Centro de Operações Eleitorais da empresa, uma equipe que combate a desinformação relacionada às eleições.
O Centro de Operações Eleitorais foi criado em fevereiro e trabalha para limitar a disseminação de conteúdo político nas plataformas da Meta, respondendo ao feedback de usuários que preferem ver menos conteúdo político.
Em um momento particularmente revelador no vídeo, Gyawali foi questionado se a Meta poderia influenciar as eleições, ao que ele respondeu "Sim" e assentiu quando questionado se Zuckerberg apoia o uso desse poder para ajudar os democratas. "Sim... 100%", respondeu Gyawali confiante.
As revelações surgem apenas dois meses após Zuckerberg admitir que o Facebook censurou "desinformação sobre COVID" sob pressão do governo Biden.
Em uma carta enviada ao Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes em agosto, Zuckerberg confessou que a Casa Branca estava errada ao exigir a remoção de determinados conteúdos e prometeu que a Meta resistirá a futuras tentativas de censura.
A carta também revelou que a Meta havia "rebaixado" histórias sobre o laptop de Hunter Biden e enfrentou contínua pressão do governo Biden para censurar conteúdo relacionado à COVID, incluindo humor e sátiras.
O jornal Daily Mail tentou entrar em contato com Gyawali para comentários, mas seus perfis no LinkedIn e no Facebook foram desativados.
A Meta ainda não emitiu uma declaração formal sobre o vídeo, que levanta mais questões sobre o papel da plataforma na moderação do discurso político às vésperas das eleições de 2024.
Assista ao vídeo do engenheiro da Meta gravado com uma câmera escondida:
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